terça-feira, 15 de março de 2011

Reconto...

Parecia viver no centro de um furacão silencioso.Foram muitas as vezes onde não encontrava palavras para traduzir o que sentia;e outras tantas onde o que faltava era a coragem para dizê-las.Não sabia explicar o que lhe fez parar ali,mas procurava incansavelmente uma maneira menos destrutiva de se afastar.

O que lhe engessava era o medo da reação das pessoas que amava,pois até aquele momento era mais fácil suportar tudo em silêncio;esperando o dia em que alguém identificasse seu pedido mudo de socorro.Ele próprio sabia que não seria fácil.Talvez culpa daquela aparente serenidade ou então daquele sorriso que insistia em carregar consigo.

Havia nele tantos sonhos,que eram capazes de o levantar a cada queda.A cada tentativa de desistir,seus sonhos traziam de volta a certeza de que cada coisa encontraria o seu lugar.Essa certeza se tornou ainda mais eminente quando pela primeira vez o amor entrou em sua vida.E o amor foi caprichoso.Apareceu ali mesmo,no lugar errado,no olho do furacão.

O amor parecia tão frágil,que ele pensava que teria de protegê-lo para que não se dissolvesse.
Ele só não sabia é que não era o furacão vindo de fora que abalaria o amor,mas sim a insegurança que vinha de dentro.

Dentro dele havia uma mistura de medo e pressa;sentimentos que sempre o faziam tropeçar e causar aqueles pequenos arranhões ao seu amor.Eram sempre os mesmos cansativos erros,o que lhe causava ainda mais medo de afastá-lo.Cabia a ele se desculpar,voltar atrás.Cabia a ele usar a paciência que o amor exige.Cabia a ele deixar de exigir tanto do outro.

Ele precisava aprender a lidar com o amor,aprender a não responsabilizar.Não dar ao amor um peso que não lhe pertencia.O amor era inocente.Não tinha culpa de qualquer dano que todo o furacão havia lhe causado.Não havia mentido,nem ao menos o maltratado.

Ele sabia disso,mas suas atitudes eram quase que inconscientes,vinham como um reflexo.

Mesmo com a brandura do amor,as marcas ainda estavam lá.Eram cicatrizes que dificilmente se apagariam.Cabia ao amor compreender,ter calma,demonstrar a paciência natural a ele.Cabia ao amor a simplicidade de um gesto.

Coisa que só o amor seria capaz;em um pequeno gesto fazê-lo o inteiro,completo,total.Coisa que só o amor seria capaz;acabar com todo o medo e trazer cada coisa ao seu devido lugar.