Reconto...

Parecia viver no centro de um furacão silencioso.Foram muitas as vezes onde não encontrava palavras para traduzir o que sentia;e outras tantas onde o que faltava era a coragem para dizê-las.Não sabia explicar o que lhe fez parar ali,mas procurava incansavelmente uma maneira menos destrutiva de se afastar.

O que lhe engessava era o medo da reação das pessoas que amava,pois até aquele momento era mais fácil suportar tudo em silêncio;esperando o dia em que alguém identificasse seu pedido mudo de socorro.Ele próprio sabia que não seria fácil.Talvez culpa daquela aparente serenidade ou então daquele sorriso que insistia em carregar consigo.

Havia nele tantos sonhos,que eram capazes de o levantar a cada queda.A cada tentativa de desistir,seus sonhos traziam de volta a certeza de que cada coisa encontraria o seu lugar.Essa certeza se tornou ainda mais eminente quando pela primeira vez o amor entrou em sua vida.E o amor foi caprichoso.Apareceu ali mesmo,no lugar errado,no olho do furacão.

O amor parecia tão frágil,que ele pensava que teria de protegê-lo para que não se dissolvesse.
Ele só não sabia é que não era o furacão vindo de fora que abalaria o amor,mas sim a insegurança que vinha de dentro.

Dentro dele havia uma mistura de medo e pressa;sentimentos que sempre o faziam tropeçar e causar aqueles pequenos arranhões ao seu amor.Eram sempre os mesmos cansativos erros,o que lhe causava ainda mais medo de afastá-lo.Cabia a ele se desculpar,voltar atrás.Cabia a ele usar a paciência que o amor exige.Cabia a ele deixar de exigir tanto do outro.

Ele precisava aprender a lidar com o amor,aprender a não responsabilizar.Não dar ao amor um peso que não lhe pertencia.O amor era inocente.Não tinha culpa de qualquer dano que todo o furacão havia lhe causado.Não havia mentido,nem ao menos o maltratado.

Ele sabia disso,mas suas atitudes eram quase que inconscientes,vinham como um reflexo.

Mesmo com a brandura do amor,as marcas ainda estavam lá.Eram cicatrizes que dificilmente se apagariam.Cabia ao amor compreender,ter calma,demonstrar a paciência natural a ele.Cabia ao amor a simplicidade de um gesto.

Coisa que só o amor seria capaz;em um pequeno gesto fazê-lo o inteiro,completo,total.Coisa que só o amor seria capaz;acabar com todo o medo e trazer cada coisa ao seu devido lugar.

Contrastes

Certa vez pediu para que pintassem as paredes de seu quarto na cor laranja.Como um sonho de criança,abria as janelas e se sentia constantemente amanhecendo.
Seu pedacinho de mundo,refletia exatamente o que ela era;um misto de alegria e sutileza em constante movimento.

A menina carregava consigo um sorriso e um silêncio.Era só alguém que já quis ser de tudo nesse mundo,mas quando olhava pra trás via que sempre foi a mesma coisa.Podia até ter crescido e evoluído também.Mas por dentro era a mesma menina que criava estórias incríveis com palitinhos de fósforo falantes;se aventura nos mais perigosos acampamentos dentro do seu quarto e que tentava acompanhar o movimento das borboletas.

A menina sempre teve esse tom de laranja,como os das paredes do seu quarto;que era tão forte,quanto tudo que havia dentro dela.Nada ali jamais foi mais ou menos.Mesmo quando no seu amanhecer aparecia alguma nuvem gris insistindo em mudar o seu tom natural.Era aí que a menina era ainda mais ela.A cabeça podia estourar,o estômago podia não aguentar,as sensações podiam lhe causar uma implosão em fogos de artifício;que ela era ainda mais ela quando não se suportava.

Nas tardes em que encontrava o céu todo no seu tom brilhante,sentia aquela felicidade instantânea que já não cabia em seu sorriso.Precisava cantar ou correr contra o vento,como fazia quando pequena.
A menina tinha um nome complicado.Mas pra ela convinha algo bem simples,assim como a delicadeza de seu alaranjado brilhante.

Inocência

Eu queria saber o porque das pessoas perderem a inocência.Aquela inocência que a gente tem de criança e que faz a gente ter tanta leveza.Inocência que nos leva a dar de volta o sorriso a quem nos sorri e não procurar algo escondido em cada palavra dita.

Eu queria que as pessoas tivessem a sinceridade das crianças e fossem capazes de dizer a verdade,mesmo temendo o castigo que vem com ela.Queria poder olhar nos olhos e enxergar lá dentro a verdade,a paz que só tem quem diz a verdade.

Eu queria que as pessoas aprendessem com as crianças a se aproximar umas das outras da maneira mais natural do mundo e se tornarem amigos independente da raça,religião,aparência...Elas simplismente se olham e se reconhecem,acho que reconhecem a inocência do coração umas das outras.

Entusiasme-se

Como seria bom viver cercada de pessoas cheias de entusiasmo.Aquela inspiração,otimisto,que dá uma vontade,uma coragem e um gostinho todo especial pra cada dia.Um ânimo que permanece,mesmo quando as coisas não saem exatamente como a gente espera.

Nada melhor que esse sentimento.Tudo fica mais fácil,quando o descrédito dos outros não abala a nossa coragem de correr atrás dos nossos ideais mais bonitos.Seria muito bacana se cada pessoa pudesse tomar um banho de entusiasmo cada vez que se visse sem saída.Cada vez que se colocasse ou alguém a colocasse na parede,naquele aperto aflitivo e pudessese se transformar,evoluir.Pudesse segurar as rédeas,controlar as situações e daí em diante poder dizer que é dono de si.

Acho que nada seria melhor nesses momentos que uma mudança.Como toda grande transformação seria silenciosa.Pintar silenciosamente os momentos mais cinzas com os tons mais vibrantes da caixa de lápis de cor.Mudar sem deixar de ser quem a gente é.Por favor,que a gente não desista de ser quem é,mesmo quando as mentiras dos outros pareçam verdades bonitas e façam nossas verdades parecerem fracas e falsas.Mude,mas para um novo modo de ser quem você é.Agora eu só queria que alguém por favor me explicasse como a agente faz isso...

A pequena estrela

Tô tentando desvendar você,mas já com a sensação que tô perdendo meu tempo e me perdendo em meio as tuas cores.Só queria entender o que te fez querer viver tão longe do resto do mundo.Poderia ter sido uma fuga,como toda fuga, fruto de um medo.Mas talvez você só fosse caprichosa,só buscasse uma maneira de fascinar quem te vê assim de longe....Podiam haver vários motivos,eu poderia te ver em vários ângulos,mas o meu preferido é de cima das pedras mais altas,como foi na primeira vez.

Aconteceu tudo tão de repente.Não sei o que me fez subir tão alto,só sei que lá do alto pude notar a imensidão que diariamente passa desapercebida pela gente.Não sei o porquê da gente sempre se esquecer de olhar pro céu.Só sei que foi lá que eu te encontrei,você distante de todo o resto,a distância te fez parecer tão pequenina... Mesmo assim brilhava mais forte.Parecia piscar,parecia me chamar pelo nome,parecia tão perto de mim...Eu faria tudo pra te buscar lá em cima.

Eu sei que você teria dificuldades aqui em baixo,eu sei que o seu brilho ofuscaria todo o resto.Mas seria lindo te ver aqui na terra.Quem sabe você não pede licença pra descer de vez em quando?Nem que seja pra gente brincar de sonho!E já que estaríamos em sonho você poderia brincar de esconder com os vaga-lumes e depois me levar pra passear pelas nuvens,que eu nem me importaria se me queimasse com tua luz.

Ai estrelinha...Será você a culpada por eu viver tão no alto?Se for culpa sua,você deve ser mesmo muito sapeca!Estrelinha queria te pedir só uma coisa-Me alumia,mas faz uma forcinha aí de cima pra manter os meus pés no chão.Já a minha cabeça nem me importo que ela permaneça aí, bem pertinho de você,pairando sobre as nuvens.

Reticências...

Eu me apaixono pelos meus sonhos.Essa frase não é minha,mas de um menino,que carregava uma mochila nas costas e os sentimentos à flor da pele.Ele tinha olhos atentos,expressivos e uma doçura fora do comum.Poucos sabiam o compreender,mas no caso dele a questão não era simplismente entender,era senti-lo.

Ele tinha uma facilidade imensa de amar,ou seria uma facilidade de se iludir?Acho que nem ele tem essa resposta.Mas toda vez que se aproximava de alguém que pra ele se tornava especial,ele criava um sonho inteiro.Nesse sonho vinham todas as inúmeras características criadas por ele,perfeitas pra ele,perfeitas pra felicidade dele.Essas características ele aplicava a aquela pessoa,que a partir daí já era um ser especial e pronto pra receber todo o seu amor.A esse ser ele se dedicava e doava oque julgava ter de melhor,seus melhores sentimentos.

Dedicava totalmente,até o momento que seus sonhos não tinham mais a força suficiente de esconder a realidade.Tão simples realidade.O ser perfeito não era e nunca foi perfeito.Tinha defeitos que não eram capazes de conviver com os seus sonhos.E mais uma vez o menino sofria,ao ver que o que o encantou foi a beleza dos seus próprios sonhos.Mas passado um tempo o menino estava pronto pra recomeçar,pronto pra vivenciar novas expectativas.Isso até o dia que seus sonhos se tornarem reais.

Same Mistake-James Blunt